Sou branco,
mas preto por dentro.
Se vem teu amor do mar, enfrento.
Sou franco
mas falso por dentro.
Rumores que vem-cá do relento!
Sou branco à luz do sol,
Preto à luz do luar
Que clareia o mundo inteiro
Nos cantos que eu chegar.
Violar pela noite dos teus braços,
Ainda é melhor!
Pois tem dia da alegria ser desilusão,
Tem dia que a saudade
É tristeza e solidão - Que dor!
Sou preto,
mas branco nos olhos.
Se tem medo, meu nego, controle!
Sou preto
mas branco nos dentes.
Enfrento quantas serpentes quiser.
Sou preto à luz do cantar,
Branco dono dos negreiros
Que vão parar num mundo surreal.
Quem sabe o mal da escravidão
E esquecer é menos difícil.
Raspar os bens das raízes arrancadas à força
E ver da avenida a vida sofrida do povo...
No carnaval.
Do povo...
No carnaval...